sábado, 8 de abril de 2006
Nivaldo Domingues
Luciano Bogado(foto)
Apesar da pátria-mãe ser Portugal, é uma das filhas que presta a homenagem. Prestes a comemorar os 506 anos da chegada do primeiro português, trazendo consigo a maior herança que aquele povo deixou, o Brasil inaugura o Museu da Língua Portuguesa, único no mundo. Oriunda do latim, aqui em solo brasileiro a língua recebeu influências de outros idiomas, característica de um país marcado pela miscigenação.
Construído na Estação da Luz, o local não foi escolhido por acaso. Era naquela estação que os imigrantes chegavam de trem do Porto de Santos, vindos de diversas partes do mundo. Ali, na Luz, o Português se misturava com o Italiano, Japonês, Árabe e outras línguas.

De acordo com a superintendente de mercado do museu, Denise Lorch, o projeto foi uma iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado, em parceria com a Fundação Roberto Marinho e contou com ajuda da iniciativa privada. A Fundação, através das leis de incentivo fiscal, contratou diversos profissionais das áreas de História, Letras e Tecnologia para cuidar da restauração do prédio e da concepção museográfica. As obras duraram um ano e cinco meses. Foram investidos R$ 37 milhões no projeto.Desde a inauguração, no dia 20 de março, mais de 27 mil pessoas já estiveram no local, aponta Denise.Segundo ela, não há projetos de parcerias com escolas, mas o museu oferece serviço de monitoria, bastando para tanto os professores agendarem a visita.Denise diz que qualquer escola pode ir ao local, mesmo sem agendar, contanto que não leve mais de 40 alunos, pois seria difícil aproveitar os recursos interativos do espaço.
Abusando de um visual "high-tech", recursos audiovisuais e tecnologia de ponta são usados para transportar os visitantes ao passado. O objetivo é fazer com que as pessoas possam interagir, por meio de diversas mídias, nos ambientes do museu.
Na entrada do museu, o visitante depara-se com a ‘Árvore da Língua’, formada por palavras e envolvidas por um mantra cantado por Arnaldo Antunes. No primeiro piso, o visitante encontra a exposição Grande Sertão: Veredas, uma homenagem aos 50 anos da obra de Guimarães Rosa, idealizado pela curadora Bia Lessa.
É no segundo andar que se encontram as instalações tecnológicas. Na ‘Grande Galeria’, um painel com projeção de imagens e trabalhos sonoros forma um mural em movimento. A ‘Galeria das Influências’ é composta por oito totens multimídia onde é possível conhecer mais sobre a influência de outros povos na língua portuguesa. A história da língua é mostrada em telas interativas e vídeos em ‘Linha do Tempo’ e, no ‘Beco das Palavras’, o visitante brinca e aprende sobre a etimologia e significado dos termos.
No último piso ficam o Auditório, onde são passados filmes sobre a origem do idioma, e a ‘Praça da Língua’, local onde ocorre projeções no teto, enquanto são declamados os principais poemas da língua portuguesa.
Em menos de um mês de visitação, o museu já é sucesso de público. A estudante do segundo ano do curso de Letras, Alice Schulz, revela que o lugar é lindo. “Sem brincadeira, eu e minhas amigas quase choramos”, comenta a estudante. Ela adorou o lugar e manda um recado: “quem não se interessou por imaginar que é só mais um museu chato vai se surpreender com tanta interatividade. Você nem sente a hora passar”.
Já o estudante Marco Radice diz que é interessante a interação do público no museu, além de estimular os jovens para a importância da língua. Ele afirma que “deveria existir mais estímulos como este por parte do governo brasileiro, pois o que causa a ignorância da população é a falta de cultura”.
Serviço – O Museu da Língua Portuguesa fica na Estação da Luz, na Praça da Luz, sem número, em São Paulo. Funciona de terça a domingo, das 10h às 18h. A entrada custa quatro reais, sendo que estudante paga meia.
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